sábado, 2 de outubro de 2010

ELEIÇÕES LIMPAS


          Nestes tempos de Ficha Limpa é hora de realizarmos eleições limpas. A Comissão Nacional de Justiça e Paz elaborou Dez Mandamentos para o exercício do voto consciente. Primeiro, conhecer bem o candidato, sua história, suas idéias, seus valores, suas opções. Segundo, aplicar a lei da Ficha Limpa. Quem financia a campanha dos candidatos? A quem o candidato representa? Ele tem vida honrada?
           Terceiro, realizar palestras, encontros, debates sobre nossa lei eleitoral. Nosso voto não ajuda só o candidato mas também seu partido ou coligação. Quarto, formar “Comitês da Lei 9840”, pois, estes comitês podem denunciar atos de corrupção eleitoral no dia das eleições. Quinto, denunciar a compra de votos que é a pior das corrupções e dos enganos neste assunto. O eleitor também corre o risco de servir-se da corrupção e não só os candidatos.
          Sexto, denunciar os desvios de recursos públicos para fins eleitorais. Tais desvios são autênticos roubos. Sétimo, tirar fotos, fazer gravações, filmar qualquer sinal de compra de votos. Estas fotos e gravações comprovam a irregularidade. Oitavo, não votar em pessoas que mudam de partido como se muda de roupa. Nono, procurar saber se o candidato tem compromisso com a vida, com a família, com os direitos sociais, com os pobres e com a paz. Dez, pensar bem antes de votar, informar-se e não deixar para a última hora a escolha dos candidatos. É recomendável levar o nome ou o número dos candidatos para não esquecê-los na hora de votar.
         Em sua declaração sobre o Momento Político Nacional os Bispos do Brasil incentivam a que “todos participem e expressem através do voto ético, esclarecido e consciente a sua cidadania, superando os desencantos com a política e procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana” (nº 10).
         Não votar em branco e não anular o voto. Isso contribui para piorar a situação. Votar é gesto de cidadania, democracia e participação na vida pública. Após as eleições temos a obrigação de acompanhar os eleitos e cobrar suas promessas. É verdade que as eleições não resolvem todos os problemas, mas, a conscientização, a organização e a cobrança dos direitos por parte do povo têm grande poder de transformação e de promoção do bem comum. A política não é arena de ambições nem corrida para ganhos e interesses pessoais, mas, “uma alta forma de amor fraterno” (Paulo VI). Se política já foi “coisa suja” chegou a hora das eleições limpas, da ética na política.
           As principais virtudes de um político são: competência, eficiência, transparência, lealdade, opção pelos pobres, solidariedade, estilo simples de vida. O santo homem, Cardeal Van Thuan, presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz, escreveu: “ Bem aventurado é o político que tem profunda consciência de sua responsabilidade e que goza de credibilidade por ser honesto; que investe no social; que é coerente depois de eleito e cumpre suas promessas; que é comprometido com a verdade e a justiça; que trabalha para a transformação social e o bem comum; que é sensível ao povo especialmente aos pobres; que não tem medo de ser justo e de enfrentar as lutas em favor da sociedade justa e fraterna”.
         É bom aqui e agora recordarmos um grande político Mahatma Gandhi que disse: “O que eu fui na minha vida política eu devo à minha devoção pela verdade e à minha espiritualidade”. O prefeito de Florença La Pira aconselha: “É preciso construir oficinas de trabalho e oficinas de oração”. Sem Deus é difícil ser político cem por cento honesto.


Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

           

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