sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano Novo: É preciso recomeçar!


Moacyr José Vitti
Arcebispo Metropolitano


A Liturgia neste primeiro dia do ano, nos propõe a bênção centrada em três invocações do nome Javé. Para cada uma das três invocações são acrescentados dois pedidos de bênção: Javé te abençoe e proteja; Javé faça resplandecer sua face sobre ti e te seja propício; Javé dirija seu olhar para ti e te conceda a paz. Por que a liturgia nos apresenta esta bênção solene como primeira leitura do ano? Por que a Igreja quer que seus sacerdotes abençoem o povo cristão com as mesmas palavras sagradas que eram usadas pelos sacerdotes do Antigo Testamento? Talvez porque julga que, após esta bênção, os cristãos estarão mais protegidos do que os demais contra as desgraças e as doenças durante todo o ano? - Não se trata de uma fórmula mágica.
Os cristãos terão os mesmos problemas e as mesmas dificuldades que outros homens. Entretanto receberão ajuda para enfrentá-los através da nova luz que procede da sua fé. Em qualquer acontecimento, alegre ou triste, estarão em condições de descobrir que tudo o que acontece, está enquadrado no plano de Deus. Entre os seis benefícios que são solicitados nas três invocações, queremos falar alguma coisa a respeito do último: a paz, porque neste dia no mundo inteiro, celebra-se o Dia da Paz. Todos os dias, nós constatamos que o coração do homem está inclinado para o mal, para o egoísmo.
O nosso coração é um coração mau, que quer ter o que pertence ao outro: os seus bens, o seu trabalho, a sua mulher. Deseja ter bens, não só para ter uma vida digna, para educar os filhos, comprar o que é útil e necessário para a vida, mas para satisfazer os seus caprichos. Inveja o vizinho porque construiu uma casa de alvenaria, com um telhado de telhas; se entristece se ele veste com elegância, se tem na casa móveis bonitos, se seus filhos gozam de boa saúde e são bem sucedidos na escola e no comércio. Não são estes, por acaso, os motivos que dão início aos desentendimentos, às críticas, às intrigas de uns contra os outros, ao recurso às benzedeiras para provocar desgraças? Não mais existe ajuda recíproca entre parentes e vizinhos e assim acaba a harmonia entre os vizinhos, entre os conhecidos, entre os que se cruzam todos os dias.
Tudo isso aconteceu por quê? Porque em toda essa gente Deus não está presente. É por isso que o invocamos no começo do ano. Se dermos ouvidos ao Espírito que no batismo Deus colocou no nosso coração, se cada domingo ouvirmos a palavra de Deus, e seguirmos o exemplo de Jesus, durante todo este ano não seremos causadores de guerras, de discórdias, de divisões, mas seremos construtores da PAZ.
                                      FELIZ ANO NOVO!

Vídeo / Depende de Nós

UM FELIZ 2011

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Ano Novo: Tempo de Esperança


Neste ano que passou:
Aprendemos
que, por pior que seja um problema ou situação, sempre existe uma saída.
Aprendemos que é bobagem fugir das dificuldades. Mais cedo ou mais tarde, será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.
Aprendemos que perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.
Aprendemos que é necessário um dia de chuva para darmos valor ao Sol, mas se ficarmos expostos muito tempo, o Sol queima.
Aprendemos que heróis não são aqueles que realizam obras notáveis,
mas os que fizeram o que foi necessário e assumiram as conseqüências dos seus atos.
Aprendemos que, não importa em quantos pedaços nosso coração está partido, o mundo não pára para que nós o consertemos.
Aprendemos que, ao invés de ficar esperando alguém nos trazer flores, é melhor plantar um jardim.
Aprendemos que amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de nos fazer felizes.
Cabe a nós a tarefa de apostar nos nossos talentos e realizar os nossos sonhos.
Aprendemos que o que faz diferença não é o que temos na vida, mas quem nós temos. E que boa família são os amigos que escolhemos.
Aprendemos que as pessoas mais queridas podem às vezes nos ferir.
E talvez não nos amem tanto quanto nós gostaríamos, o que não significa que não amem muito, talvez seja o máximo que conseguem.
Isso é o mais importante.
Aprendemos que toda mudança inicia um ciclo de construção, se você não esquecer de deixar a porta aberta.
Aprendemos que o tempo é precioso e não volta atrás. Por isso, não vale a pena resgatar o passado.
O que vale a pena é construir o futuro. O nosso futuro ainda está por vir.
Então aprendemos que devemos descruzar os braços e vencer o medo de partir em busca dos nossos sonhos.

Neste ano que se inicia, abra os meus olhos, os meus ouvidos, os meus sentidos e o meu coração. Que eu veja além do comum.
Que eu enxergue, através dos homens, o que há de melhor em cada um.
Que eu ouça somente as palavras bonitas. Que eu sinta apenas as coisas boas.
Que eu seja mais do que um simples mortal. Que eu seja eterna como eterna deve ser a esperança.
Que eu seja maior que a própria vontade de crescer. Que eu queira mais do que o próprio querer.
Que eu seja mais do que esperam de mim. Que eu possa expandir felicidade e perceber na simplicidade o valor de todas as coisas.
Que eu seja a semelhança do bem. Que todos que de mim se aproximarem pressintam o amor que tenho a oferecer.
Que eu nunca cobre nada dos outros, mas cobre de mim. Que eu consiga me doar sem esperar agradecimento.
Que eu seja simples e grandiosa, como simples e grandiosa é a criação.
Que eu permaneça voltado ao que é bom e precioso - a vida em toda a essência de sua grandeza.
E assim, serei humano e feliz, humilde e poderoso, amante e amado.
Estarei pronto e de braços abertos para colher os frutos de um novo tempo,
que espera mais compreensão e tolerância de cada um para todos os seres do universo.
Assim, teremos a verdadeira comunhão entre o ser e o mundo que o acolhe - todos os seres inteirados,
respeitando o espaço comum. E o mundo ficará bem melhor e eu terei feito apenas, uma parte de tudo isso.
Aquela pequena parte que poderá ser a grande diferença.
Que eu tenha a felicidade de ver meus amigos e familiares unidos em um só pensamento, o de amor, paz e harmonia.
Que eu tenha a felicidade de um ser privilegiado por sua bondade de encontrar no ano que se inicia
um mundo melhor para todos os seres do universo.
Então estarei em paz. Que assim seja!

UM FELIZ 2011!!!

Vídeo / A Paz - Roupa Nova

FELIZ 2011

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Amor nasce e se faz UM!


Volta, como uma suave poesia, a festa do Natal.
Nestes dias, como há séculos, são trocadas felicitações; e a paz, que os anjos anunciaram então, volta a reinar – talvez por poucos instantes – inclusive nos rostos de homens que jamais a conheceram.
Também eu quero lhes desejar algo que realmente lhes agrade e que, sobretudo seja desejado por Aquele que guia os nossos passos e conhece o que é bom para nós.
É isso que eu desejo: que a nossa vida seja um contínuo Natal, solenizado no segredo dos corações e na íntima fraternidade que haverá de se espalhar cada vez mais até alcançar, quando  Deus quiser, os confins da Terra: “até que todos sejam um”.
Nós estamos ligados, em virtude do nosso Ideal, por um vínculo muito forte; o mais forte, parece-nos, que possa existir entre os cristãos. Queremos caminhar para Deus, unidos entre nós, transformado no seu último desejo vivo, no qual encontramos não só o nosso caminho específico para nos tornarmos santos, mas um modo de santificar e reconsagrar o mundo desconsagrado pelo ódio e pelos inumeráveis males nele existentes.Nós queremos que Cristo triunfe entre nós, para que um dia Cristo seja a expressão única e mais genuína da nossa sociedade.
E não só Cristo cada vez mais esplêndido em seu vigário, sempre mais amado e compreendido, não só Cristo que vive em muitas divinas maneiras na sua Igreja, mas também Cristo misticamente presente entre nós, nós simples número de homens na massa popular cristã, mas olhados por Deus, um a um e juntos, porque capazes com a sua graça de fazer algo para a sua glória.Com efeito, nós temos, se quisermos, um poder desconhecido pela maioria: seguindo e imitando Maria, embora grande porque Imaculada, mas sempre nossa mãe e portanto próxima de nós, podemos dar à luz, no coração da sociedade, Cristo Jesus.
Ele o disse. E nele cremos, o meio é o nosso coração, ou melhor, o amor cristão recíproco que, se tiver os requisitos exigidos por Jesus, terá como conseqüência a sublime, a maravilhosa realidade da nossa fé: “Eu estou no meio deles”.
E os requisitos, pensando bem, não são muitos, mas também não são poucos. São tudo aquilo que somos e temos, porque Deus quer a nossa unidade sempre viva. Se ela existe, mesmo no estábulo em que às vezes se reduz a nossa sociedade, se nós nos amamos, Cristo está no nosso meio e o Natal se perpétua se multiplica. E onde há um Natal, ali está Maria e Jesus.
Nós, unidos, devemos repetir juntos o mistério de Maria que doa Cristo: Cristo no nosso meio por milagre divino. E Tu, Jesus, vem entre nós, fica entre nós.
Uma vez os “teus” não Te receberam. Nós gostaríamos, na medida do possível, de reparar isso. Vivemos somente para Te acolher, Te possuir, para sermos não nós, mas Tu; para Te ajudar a compor aqui na Terra a cidade nova, a cidade de Deus.

CHIARA LUBICH
Movimento Focolare

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Natal da Vocação



Em cada vocação vivida, assumida e comprometida é um natal que acontece, pois o próprio Deus vem habitar em nosso meio, assumindo nossa pobreza e transformando-nos em homens e mulheres apaixonados pelo Reino. Segundo o teólogo suíço Hans Urs Von Balthazar a paixão é “assumir a vontade de outra pessoa como nossa própria vontade, na liberdade”. Então, é Deus quem nasce em nós e entre nós convertendo-nos em pessoas capazes de viver sua Vontade e assim assumindo que Ele é o tudo em nossa vida. Assim, natal e vocação são experiências profundas que se ligam ao percurso da história da Salvação manifestada no momento atual de nossa existência. O Emanuel, o Deus esperado não fica apenas nos escritos bíblicos, nas narrativas evangélicas, mas percorre a história, estendendo a Eterna Aliança aos povos e chega até nós através do compromisso assumido na vocação. Somos continuadores da missão que se estabelece a partir da Revelação. Somos o povo escolhido que clama incessantemente por ter a oportunidade de viver por Deus, com Deus e em Deus.
Comparando ainda o Natal do Senhor com a nossa vida vocacional, podemos asseverar que cada SIM respondido na generosidade, mediante o diálogo de amor que é a vocação (Deus que chama por amor, o ser humano que responde porque é amado e quer amar, Deus que nos envia pois confia e ama infinitamente), o Senhor vem habitar a manjedoura que é coração do ser humano, onde encontra repouso, acolhida e compromisso.
Viver o Natal da Vocação é assumir Deus e nossa vida, é compreender que Deus é nossa vida, que Deus é a Vida. Deixemo-nos transformar na paixão vivida no Natal da Vocação. E que a música entoada pelos anjos, que cantaram na noite santa, seja o testemunho dos cristãos que se lançam na divina aventura de viver pelo Evangelho, no momento presente.
FELIZ NATAL!

Vídeo / Adeste Fidelis - Andrea Bocelli

FELIZ NATAL!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um conto de Natal


Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.
Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha...
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.
"Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
- Vovó! - exclamou a criança.
- Oh! leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.
O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano­Novo.

FELIZ NATAL!

A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS

Vídeo / Regensburger Domspatzen: Christus vincit

FELIZ NATAL!! 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O escaneamento nosso de cada dia

Chegam sem ser notados, invadem nossa privacidade e destrói todo um projeto, "uma vida". Assim são os programas maliciosos desenvolvidos por programadores, chamados de vírus, que assim como o biológico, uma vez instalado se espalha por todo o sistema. Basta não ter cuidado! E ele já haverá infectado, destroçado e corrompido horas a fio de trabalho. Um desafio para aqueles que desejam estar conectados, vocacionados. Sim, isso mesmo. Nossa vocação anda pelo mesmo lado. Somos como um PC, expostos aos turbulentos vírus que nos faz extinguir. Porém, há algo que nos pode ajudar: Graças a Deus e aos Antivírus. Não basta tê-los. É necessário o “escaneamento nosso de cada dia”. Além, de muita cautela com os convites, as mensagens, as correntes, os bate-papos, com os relacionamentos virtuais e reais e, claro com a nossa aguçada curiosidade. Sem falar nos presentes que nos chegam seja pen drivers, mp3, e toda a parafernália com entradas USB. Tudo isso, que muita gente nem vê. Faz com que por instantes deitemos lágrimas de dor ao ver nosso computador e nossa vocação escorrer por entre nossas mãos. Não esqueçamos da oração, a nossa atualização. E, em situação limite, não deixe de recorrer ao grande Técnico. Ele pode até não salvar seus arquivos, mas com certeza salvará tua vida.
Texto de: Diácono. Edvanio, sf

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ADVENTO COM JESUS


            Advento é o tempo que compreende as quatro semanas que preparam o Natal. Tempo em que tudo converge para Jesus. Ele é o centro das atenções. Sua vinda e sua vida marcaram a arte, a religião, a cultura, o calendário. Papei Noel e o consumismo escondem Jesus. Aonde não chega a mensagem de Jesus, ali há desumanidade, vazio, desencanto, apatia.
            O Advento nos chama a um encontro e encantamento por Jesus Cristo e quer despertar em nós o “desejo de ver Jesus”. Seu rosto está nos evangelhos e mais abandonados, nos últimos. Ter olhos fixos em Jesus eis a nossa meta. Ele é a melhor notícia, o melhor que temos na Igreja e o melhor que podemos oferecer à sociedade moderna. Que aconteça neste advento maior afinidade, sintonia, simpatia e amizade com Jesus. Ele torna a vida bela, livre, grande.
            O cristianismo não começa com uma grande idéia, nem com uma ética exigente, mas, com um encontro com Jesus Cristo, uma experiência de arrebatamento. Foi assim que aconteceu com Pedro, João, Paulo, Francisco, Agostinho e uma multidão de pessoas transformadas. Ninguém teve um poder tão grande sobre os corações humanos como Jesus de Nazaré, Filho de Deus, galileu fascinante, benfeitor da humanidade, colocado na estrebaria e executado na cruz. Isso tudo deve mexer conosco.
            O Advento é um tempo em que sobressai a espiritualidade e a vida interior através das confissões, da novena de Natal, da confecção do presépio, da esperança pregada pelo profeta Isaias, da conversão exigida por João Batista e da fé testemunhada por Maria. Oração, esperança, conversão, fé são endereço e marca registrada do Advento.
            Jesus não é um rebelde, um anarquista, um louco, um possesso como muitos o taxaram. Ele é o Advento de um homem que inquieta as consciências, provoca encontros. Na escola de Jesus aprendemos que só há uma obrigação: a de amar. Ele é nossa esperança e luz.
            Jesus é profeta e místico porque é divino e humano. É profeta e poeta porque tem coragem e compaixão. É um personagem de mil faces dizem os artistas. Ele é Deus que se fez carne. Sua luz irradia sobre toda a história da humanidade. O tempo do Advento nos faz voltar a Jesus, reencontrá-lo e tudo recomeçar a partir dele. Precisamos de um renovado contato co sua pessoa. Isso nos leva a confessar: “Deus existe e parece-se com Jesus” (J. Pagola). O Advento pede uma “conversão da Igreja” a Jesus, dando centralidade ao evangelho que ensina a alegria de viver, a compaixão com os últimos, o esforço em favor da justiça.
            Nossa esperança e luz está naquele que passou fazendo o bem, Jesus de Nazaré. Ele curou enfermos, elevou os marginalizados, promoveu a mulher, a criança, o pobre, o estrangeiro. “Todos sois irmãos”, ensinou ele, porque seu Pai é pai de todos. O mundo é uma grande família onde os inimigos são perdoados, os pobres acolhidos, os pecadores absolvidos. Jesus de Nazaré despertou esperanças, abriu novos horizontes, inflamou os corações com o fogo do Espírito e a espada da Palavra.
            Podemos fazer a Jesus belos presentes de Natal como: transformar as novenas em grupos de reflexão, convidar nossos filhos a montar o presépio em nossas casas; realizar um gesto familiar em favor de pessoas pobres, sofridas, abandonadas; ter iniciativa de perdoar alguém que nos ofendeu; entrar em contato com as Sagradas Escrituras. Estes e outros presentes agradarão a Jesus e serão a alegria mais intensa deste Natal.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 27 de novembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Compasso Igreja



Quando a Conferência de Aparecida, que reuniu os bispos latino-americanos e do Caribe, definiu as grandes cidades como laboratórios de uma cultura complexa e plural onde coexistem binômios que desafiam a (Igreja) diariamente, estava desenhando um quadro desafiador para os cristãos. Para entender como ajudar os habitantes de uma grande cidade a fazer uma experiência de Deus, recentemente a Igreja no Brasil se debruçou sobre o livro de Jonas e refletiu sobre essa questão. O conteúdo do livro, mais do que um enfoque histórico, traz um forte simbolismo cultural e teológico com indicações interessantes para a pastoral urbana.
 
O cenário é Nínive, cidade considerada hostil a Deus. Nínive era a famosa capital do império assírio e atraía muitas pessoas para os vários templos dedicados a diversos deuses. Portanto, era uma cidade grande, com uma realidade sociocultural complexa. A partir da ação de Jonas, Deus decide reinventar a história dessa cidade, desistindo de castigá-la pelo mau comportamento social e religioso de seus habitantes. A condição para isso era que os ninivitas se arrependessem do mal que haviam praticado. Do rei ao menor do povo, todos se abrem à proposta de conversão e, diante de tamanha manifestação de fé, Deus poupa a cidade da destruição.

A experiência de Jonas com o povo de Nínive serve de inspiração para uma maior abertura da Igreja ao mundo urbano. Como em Nínive, nas grandes cidades existem milhões de pessoas esperando conhecer e experimentar o amor de Deus. Também hoje, a linguagem para esse anúncio não poderá prescindir da coragem e da ousadia dos profetas, que gritam a experiência de Deus que fazem.

Como aconteceu com Jonas, pode ser que muitos profetas de hoje sintam o desejo de fugir das questões urgentes da evangelização ou se deixem levar por sentimentos de ciúmes e julgamentos, ou que o risco da indiferença religiosa, e até mesmo da perseguição, amorteça o impulso profético. Pode ser ainda que haja o sentimento de solidão no enfrentamento de barreiras aparentemente intransponíveis. Mas, como também aconteceu com o profeta de Nínive, é Deus quem dá a coragem e recoloca os seus porta-vozes na missão que ele confia.

O próprio Deus é a origem de toda profecia e sempre encontra um jeito de estar ao lado e de fortalecer quem ele deseja que trabalhe em seu projeto. Não por acaso ele foi à procura de Jonas para convocá-lo a levantar-se e ir a Nínive proclamar a sua mensagem, depois de o profeta mostrar-se indiferente a esse mandado e ter desviado sua rota de viagem para outra cidade.

Há quem afirme que ser profeta, hoje, como Jonas, é ser alguém capaz de construir relacionamentos apoiados no verdadeiro valor do homem como imagem e semelhança de Deus; é ser alguém que permite que o Reino de Deus interaja com a história pessoal e social de cada pessoa; é ser sinal de uma Igreja que ama e por isso acolhe, dialoga, anuncia, propõe a conversão e renova estruturas sociais, denunciando a maldade através de um estilo de vida centrado na gratuidade do amor.

O texto de Aparecida convida a contemplar o Deus da vida também nos ambientes urbanos. Sem dúvida o projeto de Deus continua valendo para a cidade grande. Sua realização também depende de quem quiser arriscar e atualizar a experiência de Jonas. Nínive hoje pode ser a cidade, o bairro, a rua, o local de trabalho onde cada um de nós está. Esse é o lugar de onde nasce toda transformação.

*O autor é sacerdote, especialista em Espiritualidade e Teologia Moral.

Profetas nas grandes cidades
Por: Ricardo Pinto

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Advento: Tempo de esperança


A Igreja acompanha os mistérios de Jesus Cristo durante os diversos ciclos da Liturgia. Com o primeiro domingo do Advento inicia-se um novo ano litúrgico. Não se trata de girar continuamente em torno de um eixo, mas de reencontrar a presença de Deus em etapas novas de nossa vida, nas quais a morte e a ressurreição de Cristo, o núcleo de nossa fé, iluminam a compreensão dos desafios de cada hora presente.

O primeiro olhar do tempo do Advento descortina o horizonte de sua volta do fim dos tempos. Olhamos para a definitiva manifestação do Cristo, quando vier em Sua glória, e clamamos com a Igreja “Vem, Senhor Jesus”. Verdadeiramente, o Senhor voltará e seremos julgados pelo amor, como Ele mesmo indicou no sermão escatológico do Evangelho de São Mateus. “O Senhor virá!”

Na conjugação do verbo da esperança, diremos depois que o Senhor vem. De fato, as duas semanas centrais do Advento abrirão nossos corações para a experiência da presença de Cristo em nossa história. Presente no próximo, especialmente nos mais pobres, presente na Comunidade, em sua Palavra e na Eucaristia. E Ele nos espera ainda no silêncio orante de nosso coração.

Para acompanhar-nos, a Igreja oferece dois "padrinhos" de Advento, o profeta Isaías e São João Batista. O profeta viu de longe e anunciou a chegada do Salvador. Com ele se aprende a sonhar alto! "Sim! As velhas angústias terminaram, desapareceram de minha vista. Sim! Vou criar novo céu e nova terra! As coisas antigas nunca mais serão lembradas, jamais voltarão ao pensamento. Mas haverá alegria e festa permanentes, coisas que vou criar, pois farei de Jerusalém uma festa, do meu povo, uma alegria. Eu farei festa por Jerusalém, terei alegria no meu povo. Ali não mais se ouvirá o soluçar do choro nem o suspirar dos gemidos. Não haverá ali crianças que só vivam alguns dias, nem adultos que não completem os seus dias, pois será ainda jovem quem morrer com cem anos. Não alcançar os cem anos será maldição. Quem fizer casas, nelas vai morar, quem plantar vinhedos, dos seus frutos vai comer. Ninguém construirá para outro morar, ninguém plantará para outro comer. A vida do meu povo será longa como a das árvores, meus escolhidos vão gozar do fruto do seu trabalho. Ninguém trabalhará sem proveito, ninguém vai gerar filhos para morrerem antes do tempo, porque esta é a geração dos abençoados do Senhor, ela e seus descendentes. E, então, antes que me chamem, já estou respondendo, ao começarem a falar, já estou atendendo. Lobo e cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi... Ninguém fará o mal, ninguém pensará em prejudicar na minha santa montanha" (Is 65, 17-25). "O Senhor vem!"
João Batista, por sua vez, anunciou a proximidade do Reino de Deus e pregou a conversão dos corações, para preencher vales e abaixar os montes. Indicou estradas até para os desertos da vida, veredas que se abrem para o encontro com o Salvador.

Na última semana antes do Natal, aí sim, é que voltaremos os olhos para o nascimento de Jesus Cristo em Belém de Judá. É o tempo do presépio, tempo de fazer festa para o Aniversariante, que é Jesus. Com Maria, José, pastores e magos, meditaremos de novo a cena sempre nova do Deus feito homem para a nossa salvação, nascido num estábulo e reclinado numa manjedoura. “O Senhor veio!”

O tempo do Advento não é em primeiro lugar uma preparação para o Natal, já que a Igreja só reserva a última semana para isso. Advento é tempo de conhecimento de Deus que está sempre se dirigindo a nós, homens e mulheres de cada tempo. Batendo à porta dos corações, quer encontrar uma reposta de amor. É o dinamismo da fé cristã, que vai ao encontro do Senhor que vem. A madrinha que a Igreja oferece para a última etapa do Advento é a Virgem Maria. O grande Papa Paulo VI considerava o Advento o tempo mais adequado para o cultivo da devoção mariana.

Conduzidos por tais testemunhas, a Santíssima Virgem Maria, João Batista e Isaías, deixemo-nos tocar pela graça de Deus. É hora de arrumar a casa de nossa vida, para receber carinhosamente a visita de Nosso Senhor Jesus Cristo. Certamente, são muitas as coisas que ocupam nossos corações. Desfazer-se do supérfluo, olhar ao redor para a prática da caridade, escutar mais e melhor a Palavra de Deus. Tempo de graça, pois o Senhor, virá, vem e veio, Nosso Salvador, Jesus Cristo! Maranathá! Vem, Senhor!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

Vídeo / Quando Virá