Ante
o consumismo que se apoderou dos símbolos natalinos,
Bento XVI convidou esta quarta-feira a redescobrir as tradições
de Natal para transmiti-las às futuras gerações.
O Papa dedicou ao Natal a audiência geral celebrada
na praça de São Pedro, no Vaticano, na qual
cerca de quinze mil peregrinos desafiaram o frio para ouvir
o pontífice.
«Ao preparar-nos para celebrar com alegria o nascimento
do Salvador, em nossas famílias e em nossas comunidades
eclesiais, enquanto uma certa cultura moderna e consumista
tenta fazer desaparecer os símbolos cristãos
da celebração do Natal, assumamos todos o compromisso
de compreender o valor das tradições natalinas,
que formam parte do patrimônio de nossa fé e
de nossa cultura, para transmiti-las às novas gerações»,
propôs o Santo Padre.
Entre os numerosos símbolos de Natal, o pontífice
escolheu o da luz, «um dos mais ricos de significado
espiritual e sobre o qual gostaria de refletir brevemente».
«A festa de Natal coincide, em nosso hemisfério,
com a época do ano em que o sol termina sua parábola
descendente e começa a fase na qual se amplia gradualmente
o tempo de luz diurna, segundo o percurso sucessivo das estações»,
declarou em sua reflexão lida em italiano.
Esta imagem ajuda a compreender melhor «o tema da luz
que prevalece sobre as trevas», disse. «É
um símbolo que evoca uma realidade que afeta o íntimo
do homem»: «a luz do bem que vence o mal, do amor
que supera o ódio, da vida que vence a morte».
«Natal faz pensar nesta luz interior, na luz divina,
que nos volta a apresentar o anúncio da vitória
definitiva do amor de Deus sobre o pecado e a morte»,
assegurou Bento XVI.
O Salvador esperado pelos povos, sublinhou, é «a
estrela que indica o caminho e guia os homens, andantes entre
as escuridões e os perigos do mundo, para a salvação
prometida por Deus e realizada em Jesus Cristo».
«Ao ver as ruas e praças de nossas cidades adornadas
com luzes resplandecentes, recordemos que estas luzes evocam
outra luz, invisível para nossos olhos, mas não
para nosso coração», propôs.
«Ao contemplá-las, ao acender as velas das igrejas
ou as luzes do presépio e da árvore de Natal
em nossas casas, que nosso espírito abra-se à
verdadeira luz espiritual trazida a todos os homens e mulheres
de boa vontade».
«O Deus conosco, nascido em Belém da Virgem
Maria, é a Estrela de nossa vida», exclamou.
«Peçamos ao Senhor que apresse sua vinda gloriosa
entre nós», sugeriu, e improvisando acrescentou:
«em meio a todos os que sofrem», pois «só
nele podem encontrar resposta às autênticas expectativas
do coração humano», declarou voltando
a tomar os papéis.
«Que este Astro de luz sem ocaso comunique-nos a força
para seguir sempre o caminho da verdade, da justiça
e do amor!», desejou.
Antes de concluir, o bispo de Roma convidou a viver os dias
que precedem o Natal junto a Maria, «a Virgem do silêncio
e da escuta».
Que ela «nos ajude a compreender e a viver plenamente
o mistério do Natal de Cristo», desejou, antes
de desejar: «Feliz Natal a todos!».
A audiência havia começado com ameaças
de chuva, mas concluiu com sol. Ao despedir-se dos peregrinos,
após ter falado de Jesus como o «sol da justiça»
(imagem dos primeiros cristãos), o Papa afirmou: «Damos
graças porque o sol apareceu e confirma o que meditamos».
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