domingo, 12 de junho de 2011

O NAMORO



         Nossa vida é marcada por nossas decisões. Uma decisão para dar certo precisa de discernimento e preparação. A improvisação, a precipitação, a banalidade têm causado muita dor, stress, decepção. O sucesso de um projeto depende da preparação, do ensaio, do treino. Nesta lógica está o namoro.

Para ser pai, mãe, esposo, esposa, o bom senso pede muita preparação. Lares não se improvisam. Por outro lado, nós aspiramos ser amados de um modo definitivo, fiel, verdadeiro. Não queremos ser vitimas dos outros e nem ser explorados e enganados por interesses, mentiras, segundas intenções. O namoro é esta procura de amar e ser amado, é o início de um projeto de vida que se plenifica no casamento e na família.

A vida humana é um caminhar feito de etapas. O namoro é uma etapa de procura, de amadurecimento, de conhecimento. Não há verdadeiro namoro onde não existe o diálogo sincero, a reta intenção, o respeito pelo outro. Confundimos namoro com o “ficar”, a prática do sexo precoce, ou como um passa-tempo no qual existe envolvimento íntimo, mas, sem a maturidade, a preparação, o afeto do coração. Atropelamos as etapas e somos vítimas da imaturidade, das paixões, do egoísmos próprios e os dos outros.

Não é fácil ser jovem, nem namorar de um modo cristão. Mas, temos bons exemplos de namoro cristão entre os jovens da RCC, Focolarinos, Opus Dei, Canção Nova e tantos outros. Vivemos uma balbúrdia sexual promovida pela sociedade da satisfação e a cultura da banalização. Em assunto de sexo não podemos cair na dramatização nem no permissivismo. A educação da afetividade requer a valorização da disciplina, da renuncia como exigência do amor. Amor é exigente.

É missão dos pais, orientar seus filhos em relação ao namoro. As conseqüências de um namoro desordenado são muitas, a saber: gravidez precoce, doenças sexuais, criança abandonada, pratica do aborto. Um namoro precoce de mais é desaconselhável, porem, quando demorado demais pode acabar em prejuízo e até em injustiça. Como reparar o dano de um namoro doloroso quando depois de tantos anos a pessoa é abandonada, devendo recomeçar tudo na vida e ter perdido tempo e avançado em idade?

Nós cristãos podemos e devemos oferecer aos jovens um outro tipo de namoro, sem erotização, mas cheio de ternura, alegria, amor, felicidade. Quem acredita na família, no matrimonio como um projeto de vida que une duas almas, dois futuros, duas existências, duas consciências, não pode namorar de qualquer jeito. A civilização do amor livra-nos do embrutecimento e da obsessão erótica. A carne não basta para saciar a sede de amor e de Deus do coração humano. O remédio do amor cura nossas debilidades. Assim, o namoro é fruto do amor, caminho para o amor definitivo que se expressa no consenso matrimonial.

A volúpia maior da vida não é a da carne, é a do espírito, da ética, do bem e do amor. A arte de amar tem sua fonte em Deus que é amor. A religião ajuda muito os jovens na experiência do namoro porque facilita o perdão, a aceitação das limitações, o desejo de correção, a perseverança, a ordenação dos afetos. Namoro é experiência de espiritualidade. Onde dois ou três estão reunidos, Jesus promete estar presente. O namoro cristão acontece “a três”: os namorados e presença de Jesus Cristo, O enamorado e esposo da humanidade.

Deus quis explicar seu amor pela humanidade em categorias de aliança, matrimônio, amor esponsal, família. O Sacramento do matrimonio, é símbolo do amor de Deus pelo mundo. Deus é enamorado, desposado, apaixonado pela humanidade. Assim, o namoro tem um vínculo natural com o amor de Deus. Um autêntico namorado é um presente de Deus para sua namorada e vice-versa. A graça de Deus acompanha todos os passos de nossa vida, especialmente a trajetória do amor humano, a saber: o companheirismo, a amizade, o namoro, o noivado, o casamento, a família. É possível um namoro santo mesmo contando com nossas fraquezas.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 11 de junho de 2011

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